Jardins filtrantes instalados no Parque do Caiara, na zona oeste do Recife, em Pernambuco, estão despoluindo cerca de 360 mil litros de água por dia do riacho do Cavouco, que nasce dentro da universidade federal do estado e desagua no rio Capibaribe, que banha a capital.
Trata-se de um projeto-piloto implantado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), graças à cooperação internacional CITInova, coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A diretora da Agência ARIES, Mariana Pontes, aponta que estações de monitoramento da qualidade da água serão instaladas na entrada e na saída do sistema filtrante. Ela espera que o projeto sustentável reduza entre 90% e 95% a poluição do riacho, que vem, sobretudo do esgoto.
“Já no primeiro resultado, do primeiro sistema de filtragem, a gente já vê uma melhoria da qualidade da água. E na saída, quando essa água volta para o riacho, que a gente tem a anuência de operação, a gente devolve a água parao [rio] Capibaribe. Então, a gente pega uma água suja, faz um processo de limpeza, a gente filtra essa água e devolve a água para o riacho que deságua no Capibaribe”.
Neste projeto, a tecnologia usada na despoluição é baseada em recursos naturais, como pedras, areia e de 36 tipos de plantas aquáticas. O processo de filtragem é contínuo. As águas do Cavouco entram no sistema com cinco tanques de pedras, onde foram plantadas cerca de 7.500 mudas e saem purificadas. As raízes dos vegetais absorvem os nutrientes e os tanques retêm os resíduos sólidos.
A técnica é semelhante à empregada na despoluição do rio Sena, em Paris, na França. Sem químicas, sem geração de lodo e com baixo consumo de energia. O engenheiro civil responsável pela obra recifense, Renato Martiniano, aponta que a solução sustentável pode complementar o tratamento de esgoto convencional, realizado nas grandes cidades,
“É possível a gente fazer ações, não precisa centralizar isso nos grandes sistemas convencionais de tratamento de água. A gente pode, sim, fazer soluções descentralizadas, que, somando – não vai desmerecer o sistema tradicional de tratamento centralizado, não é isso. Mas, assim, diminuir a pressão sobre estes e aumentar a segurança hídrica. Porque uma vez que você trata, protege esses corpos hídricos e melhora a classificação das águas, você melhora, como um todo, o bem-estar e o futuro das gerações vindouras”.
Atualmente, o projeto CITI nova está em Brasília e no Recife e as experiências-piloto podem ser reproduzidas em outras cidades. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as informações técnicas e os resultados dos projetos são armazenados em duas plataformas virtuais de apoio a administração pública municipal. A partir de junho, a iniciativa vai chegar as regiões metropolitanas de Florianópolis, em Santa Catarina, Belém, no Pará, e Teresina, no Piauí. Para saber mais, acesse https://citinova.mcti.gov.br/