O alto número de queimadas florestais em todo o país motivou a criação do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O decreto de instituição foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (11). A medida visa facilitar as operações de combate às queimadas.
O Brasil chegou a registrar mais de cinco mil focos de incêndio, nessa terça-feira, concentrando 75.9% das áreas afetadas na América do Sul. A informação é do último relatório do INPE, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Segundo o decreto, o grupo será responsável por coordenar mecanismos e ações de detecção e controle de incêndios florestais.
O Comitê terá ainda como função estabelecer diretrizes para a capacitação de pessoal na prevenção e no combate aos incêndios. Ele também será responsável pela elaboração de planos para a conservação dos ecossistemas.
Entre os integrantes do colegiado estão representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e membros da sociedade civil, com direito a pelo menos um terço dos assentos.
Com as queimadas há o aparecimento de fenômenos como a chuva preta. Um caso desse tipo de tempestade foi registrado no Rio Grande do Sul, na segunda-feira. De acordo com especialistas, o fenômeno acontece devido a alta concentração de queimadas e é resultado da mistura de fuligem com a água das chuvas.
O Meteorologista da Universidade Federal de Pelotas, Henrique Repinaldo, fala das causas da chuva preta.
“Essa chuva, com partículas de fuligem, tem ocorrido pela interação com as fumaças, que estão chegando ao Rio Grande do Sul oriundas de queimadas na Amazônia, centro do Brasil, Bolívia, Paraguai, norte da Argentina. Então, é uma interação da presença dessa fumaça, que está na atmosfera numa altura acima de 2,5 mil metros”.
O especialista explica a origem desse fenômeno.
“A nuvem, quando começa a formar essas gotículas condensadas, essa gotícula se forma ao redor dessa partícula de fuligem. À medida que essas gotas crescem, acabam se precipitando como chuva e trazendo essa fuligem até a superfície”.
O meteorologista explica porque essa água não deve ser usada.
“Como essa chuva acaba sendo uma chuva poluída, que acaba trazendo essa poluição para a superfície, essa água acaba se depositando no solo, nos corpos de água. É uma água que tem partículas de fuligem, então não é recomendável fazer uso, lavar roupas, é uma água com sujeira”.
Neste mês, os focos de incêndio distribuídos pelo país superam o dobro do que foi observado em 2023. Apenas nos primeiros dez dias de setembro, foram registrados quase 37,5 mil focos, enquanto que no mesmo período do ano anterior haviam sido cerca de 15,6 mil.