O crescimento das ocupações em áreas de risco nas cidades, encostas e próximas de rios disparou nos últimos 39 anos no Brasil. Os dados são de um novo levantamento do MapBiomas, lançado nesta sexta-feira.
Em 2023, um quarto das áreas urbanizadas do país ficava a três metros ou menos de rios e córregos. Mais da metade (56,7%) dessas ocupações surgiu de 1985 para cá.
Em relação às encostas, o país possui 47,6 mil hectares de áreas urbanas nessas condições, e 70% dessas ocupações aconteceram entre 1985 e 2023.
O coordenador da equipe Urbano do MapBiomas, Julio Pedrassoli, explica que essas áreas não podem ser ocupadas por lei e, por isso, são desvalorizadas. As populações mais pobres acabam se instalando nesses locais por falta de opção. Ele defende que políticas econômicas são importantes para que essas pessoas possam fazer escolhas melhores.
Julio Pedrassoli afirma que o plano diretor das cidades deve considerar o que é mais adequado para a população.
Nas áreas com risco de enchentes, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Maria Lúcia Refinetti, lembra que, muitas vezes, a responsabilidade não é apenas do município onde houve a inundação.
A professora reforça que, além de políticas habitacionais, o poder público também deve preparar a Defesa Civil para proteger quem já vive em áreas de risco consolidadas.