Esta edição do Viva Maria se despede do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu milhares de indígenas em Brasília para lutarem por seus direitos nesta semana. O programa destaca a aula pública que foi ministrada no acampamento, realizada com o apoio da Escola de Rádio e Clima da Universidade de Brasília (UnB). Participantes da disciplina “Rádio e Clima” vivenciaram uma experiência prática de comunicação popular e socioambiental, sob a coordenação da jornalista Letícia Leite e da professora convidada Naiara Bertoli, que conduziu os alunos por uma visita guiada e uma oficina de rádio.
O lançamento da Rádio Clima está previsto para o começo de julho. A emissora terá como foco principal a cobertura de temas climáticos que afetam diretamente povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. O objetivo é fortalecer o intercâmbio de comunicação entre Brasília e os territórios tradicionais, rumo à COP 30,que será realizada em novembro, em Belém.
Durante a aula aberta no ATL, os coordenadores de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sâmela Sateré-Mawé, Tucumâ Pataxó e Iago Kaingang, compartilharam os desafios de organizar e executar a comunicação do evento. A aula contou ainda com a presença de Mayra Wapichana, atual assessora de comunicação da Funai e convidada especial da roda de conversa.
Mayra Wapichana, jornalista de formação e ativista da comunicação indígena, falou sobre sua trajetória. Desde cedo envolvida no movimento indígena, ela ressaltou que a comunicação é uma ferramenta de luta essencial para os povos originários. Ela defende o rádio como meio de acesso à informação, principalmente em territórios onde a internet ainda não chega. Para Mayra, tanto o rádio tradicional quanto a rádio web são ferramentas valiosas.
Questionada sobre a campanha lançada com apoio da cantora Anitta, Mayra elogiou a iniciativa. O vídeo da artista denuncia a ameaça às terras indígenas e relaciona a preservação da floresta com a segurança hídrica e alimentar do país. Mayra destacou a importância de celebridades amplificarem as vozes indígenas.
Sobre o tema, Mayra ressalta que a principal bandeira do ATL 2025 continua sendo a demarcação das terras indígenas. Ela criticou o avanço do marco temporal no STF e reforçou que o território é a base da existência indígena. “Estamos aqui para dizer que resistimos. A luta não é só pelo agora, é pelo futuro. Se não tivermos território demarcado, o que será de nós nesse Brasil que é nosso?”, concluiu.