O mês de julho deste ano registrou a menor área queimada desde o início das medições do Monitor do Fogo do MapBiomas, em 2019. Foram 748 mil hectares atingidos pelo fogo em todo o território nacional.
Na comparação com o mesmo mês de 2024, houve uma queda de 40% nos registros.
Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora técnica do MAPBiomas Fogo, destaca os principais fatores que explicam a redução das queimadas no período.
“Com os dados recentes do monitor do fogo a gente observa uma redução da área queimada nesse primeiro semestre, que pode estar associada a alguns fatores como o retorno das chuvas em algumas regiões, principalmente da Amazônia, depois de um longo período de estiagem nos últimos anos. Segundo, a intensificação de ações de monitoramento, fiscalização. E também, como no ano passado teve recorde de área queimada, principalmente em área de floresta, pode se atribuir também o uso mais cauteloso do fogo nesse ano”.
A vegetação nativa foi a mais atingida no mês de julho e representou 76,5% do total de área queimada, enquanto áreas de uso agropecuário e pastagens responderam por 14%.
Entre os biomas, o cerrado perdeu a maior cobertura: 571 mil hectares. A Amazônia teve 143 mil hectares queimados e a Mata Atlântica ficou em terceiro, com 24 mil hectares perdidos para o fogo.
Vera Arruda explica por que o cerrado foi o bioma mais atingido por queimadas até o momento.
“Esse período que a gente se encontra agora, do início da estação seca, há muito acúmulo de biomassa, o bioma fica mais suscetível pra propagação e grandes incêndios. Além disso, com algumas atividades agropecuárias, o uso do fogo pra manejo de pastagem, pode aumentar esse risco também. Então, mesmo com uma redução geral, o cerrado ainda responde pela maior parte da área queimada, no mês de julho, principalmente”.
No acumulado de janeiro a julho, o país chegou a 2 milhões e 450 mil hectares de área queimada. A extensão representa uma redução de 59% em relação ao mesmo período do ano passado, mas precisa ser vista com cautela, como ressalta Vera Arruda.
“Mas é cedo pra afirmar que a gente vai continuar nessa tendência de redução até o final da estação seca, até o final do ano, principalmente porque o período que a gente vai passar agora, entre agosto e outubro, é o mais crítico. Tanto em relação à baixa umidade, quanto aos grandes incêndios também. Então, é importante que continue as ações de fiscalização, prevenção e combate”.
Entre os estados, Tocantins e Maranhão lideram a lista dos mais afetados nos primeiros seis meses do ano, com 467 mil e cerca de 330 mil hectares perdidos, respectivamente.