Após protesto, Mundurukus são recebidos por Lago, Guajajara e Marina

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, considerou “fortes” e “legítimas” as preocupações do povo Munduruku. Ele recebeu formalmente dois documentos com as demandas dos indígenas, que realizaram um protesto na COP30 na manhã desta sexta-feira (14).

Os indígenas foram recebidos por Lago junto com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Os Munduruku pediram um posicionamento do Governo Federal para a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que prevê a privatização de empreendimentos públicos federais do setor hidroviário.

Pouco antes, cerca de 90 indígenas ocuparam a área externa de acesso à Zona Azul da COP30, espaço reservado aos negociadores e pessoas credenciadas no evento. Foi depois dessa manifestação que o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, confirmou que receberia os Munduruku. 

“Foi um diálogo muito construtivo, muito positivo, mas realmente eles têm preocupações muito fortes e muito legítimas, e nos transmitiram dois documentos que nós recebemos formalmente que vamos procurar levar adiante todas as preocupações que eles têm. Eu esclareci que a COP 30 é um exercício que favorece os indígenas, que fortalece as consultas aos povos indígenas”.

Respondendo à demanda dos manifestantes sobre as terras indígenas, a ministra Sonia Guajajara reforçou que a demarcação do território Munduruku Sawré Bap’in já foi assinado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O trâmite está agora com a Funai, em fase de contratação da empresa que vai fazer a demarcação física dos limites do território.

Quanto ao território Sawré Maiban, o processo está no Ministério da Justiça para ser assinada a portaria declaratória. Sonia Guajajara afirmou que o governo se comprometeu a avançar nesses processos até o fim deste ano.

A ministra também comentou sobre a reivindicação dos Munduruku por uma maior presença indígena na COP30. Guajajara afirmou que 360 indígenas já estão credenciados.

“Lógico que não houve a contemplação de todos os povos da Amazônia, uma vez que é uma diversidade imensa. A gente conseguiu ampliar pela primeira vez na história a participação indígena. Essa participação nunca houve na história das COPs”.

 

Ferrovia Ferrogrão 

Os Munduruku protestaram também contra o projeto Ferrogrão, ferrovia ligando a cidade de Sinop, no Mato Grosso, a Itaituba, no Pará, para escoar a produção de grãos. Atualmente o projeto está paralisado no Supremo Tribunal Federal.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esclareceu que não há um pedido de licenciamento da Ferrogrão, já que o processo está judicializado; e o ministério já havia devolvido o Estudo de Impacto Ambiental por estar “muito ruim”, nas palavras de Marina.

“Quando foi apresentado o Ibama, tava muito ruim, o Ibama devolveu e desde então não foi apresentado, mas a preocupação deles continua e é uma preocupação legítima”.

A liderança indígena Alessandra Munduruku enfatizou que os territórios sejam consultados sobre o diálogo com as autoridades. Ela destacou que as decisões devem ser tomadas em coletivo, sem excluir os povos originários.