A Marcha Global Indígena pelo Clima levou milhares de pessoas às ruas de Belém do Pará, nesta segunda-feira (17), e marcou o maior ato dos povos originários na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A principal mensagem do protesto foi: “Não existe justiça climática sem os povos e sem os territórios indígenas”. Com esse mote, os manifestantes saíram da Aldeia COP, que está montada no Colégio Aplicação da Universidade Federal do Pará. O local abriga cerca de 3 mil indígenas nessas duas semanas da Conferência do Clima.
Célia Alves, do povo Terena e pesquisadora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), participou da marcha para defender a importância da educação indígena.
“Esse curso transforma nossas culturas cada vez mais. É pouco conhecido, mas que tem uma força muito grande. Educação no campo não é só nas comunidades, é também dentro das universidades. Temos que mostrar quem somos nós onde nós estivermos. O espaço na universidade tem que ser um espaço de resistência para todos nós”.
O jovem Davi Tupaiú, de 18 anos, que vive no baixo Rio Tapajós, veio a Belém protestar contra os projetos que podem afetar o rio — que já está secando com as intervenções dos não-indígenas.
“Já tem territórios no Baixo Tapajós que são invadidos por garimpeiros, madeireiros, ‘sojeiros’. Isso tá destruindo, acabando com a gente e com o rio. Hoje, o rio já está contaminado com mercúrio”.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também participou da marcha.
Belém (PA), 17/11/2025 – Jedenilson Alves, da etnia Borari, participa da Marcha Global dos Povos Indígenas – A Resposta Somos Nós, evento paralelo à COP30. – Bruno Peres/Agência Brasil
Jedenilson Alves, da etnia Borari, foi um dos indígenas que carregou um grande boneco de cobra com cerca de trinta metros de comprimento durante as mais de duas horas de caminhada.
“Para mostrar que a gente está aqui e defendemos a floresta. E cobramos para que os financiamentos cheguem direto para as aldeias”.
Centenas de pessoas da etnia Yukpa, da Venezuela, se despediram de Belém nesta segunda-feira, levando para casa a experiência da luta indígena latino-americana e mundial.