A gestão do prefeito de Cândido Mendes, José Bonifácio Rocha, homologou um contrato de R$ 1.852.658,01 para construção de muro, drenagem tubular, piso em bloquetes e implantação de cobertura metálica na área do Hospital Sofia Jorge Cruz. À primeira vista, uma obra comum. Mas o valor milionário e a empresa escolhida chamam atenção até de quem acompanha de longe a rotina de licitações no interior maranhense.
O contrato foi entregue à Metropolitan Construções e Locações Ltda, empresa privada inscrita no CNPJ 20.727.193/0001-94, que já é conhecida nos bastidores por operar como “construtora de fachada”, atuando com pouca estrutura física real, mas movimentando cifras incompatíveis com sua capacidade técnica comprovada.
A homologação, publicada no último dia 25 de novembro, corresponde à Concorrência Eletrônica nº 018/2025 — modalidade que, em tese, exige maior competitividade e rigor técnico. No entanto, a escolha final levantou suspeitas sobre critérios de habilitação e análise de capacidade operacional, já que a obra envolve serviços de engenharia de alta complexidade.
Obra milionária, estrutura mínima
A Metropolitan aparece como vencedora de contratos vultosos em diferentes municípios, quase sempre para serviços básicos de engenharia, mas sem apresentar histórico robusto de execução proporcional aos valores recebidos. Em Cândido Mendes, o pacote contratado não inclui reformas estruturais do hospital, ampliação de salas ou melhorias diretas no atendimento à população — apenas obras externas.
Para críticos da gestão, o gasto exagerado em muro, drenagem e bloquetes em detrimento de melhorias internas em um hospital que carece de equipamentos e estrutura é mais um sintoma do descompasso entre prioridades reais da saúde e as escolhas da prefeitura.
Contrato pronto para investigação
O valor final, a empresa escolhida e o escopo limitado da obra já circulam entre órgãos de controle e parlamentares que acompanham licitações suspeitas no interior. A recomendação é que o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado avaliem a legalidade e a proporcionalidade dos custos apresentados.
Enquanto isso, a população de Cândido Mendes segue aguardando investimentos que realmente mudem a qualidade da saúde pública — não apenas muros novos.